Por Edna Palladino
Um casal se desentende bem antes de se casar. A julgar pelos sintomas, caso eles se casem,
logo, logo já estará muito pesada a carga do casamento. Posto que se em lenho
verde (namoro/noivado), eles agem assim, como não agirão então no lenho seco do
casamento?
Ela faz repetição transferencial com ele: quando ele fala um pouquinho mais
alto, ela que viveu a ausência do pai e presenciou a grosseria dele com a mãe a vida toda, sente toda a emoção do passado revivida
nas questões com o noivo.
É como se ela entrasse num quarto escuro, sem porta, sem tomadas pra
ascender as luzes, sem janelas...
Pergunto ao futuro marido:
com certeza você deseja tirá-la desse lugar sem consciência, não é mesmo? Ele
diz: claro! Então eu retomo: o que faz quando ela chora e reclama do tipo de
tratamento que você oferece a ela? Ele: fico sem paciência, falo com ela ainda
mais alto, fico nervoso! Eu: pois é, se quer entrar naquele quarto escuro do
sofrimento dela, sabendo que não há portas, nem tomadas, a única maneira de
tirá-la de lá é mudar sua forma de falar, e mesmo assim, quando ela se sentir
ameaçada por sua fala, olhe dentro dos olhos dela e diga: desculpe, eu não me
fiz entender bem, vou tentar novamente...
Alguns cônjuges não se encontram
diferenciados da família de origem, seus contatos familiares são cheios de
ansiedade e sem capacidade de fazer a separação do que é seu e do que é do
outro. Enquanto que uma pessoa relativamente diferenciada terá níveis de
ansiedade reduzida e bons contatos emocionais entre os pais e as famílias de
origem.
Fará toda a diferença os cônjuges conhecerem a si mesmos, sem medo de
se mostrarem como realmente são, sabendo que são os cuidadores um do outro.
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